Veja abaixo o discurso:
Sr. Presidente, Deputados, Deputada Graça Pereira que se encontra em plenário, trago hoje um protesto contra a Universidade Bandeirantes, de São Bernardo do Campo, São Paulo, a Uniban, que no domingo tomou a atitude de expulsar a estudante de Turismo, Geise Vila Nova Arruda. No dia 22 de outubro ela foi vítima de agressões dentro da própria Universidade por estar usando um vestido curto.
A imprensa toda divulgou isso. A Polícia teve que entrar na Universidade para socorrer essa moça enquanto grande parte dos estudantes estava ali, prendendo-a numa sala e filmando com celulares. Depois, essas filmagens foram alvo de replicação na internet por meio do YouTube porque essa jovem usava vestido curto para ir à aula.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, depois de tanta pressão a Universidade voltou atrás. As últimas notícias de hoje nos dão conta de que a Universidade voltou atrás na decisão de expulsar a estudante, mas o assunto continua em pauta.
Ressalto que estamos recebendo vários estudantes de escola estadual que visitam a nossa Casa. Todos os estudantes, alunos e alunas de qualquer instituição, imaginam que em uma escola ou em uma universidade se aprende não somente as matérias tradicionais, mas também, principalmente, cidadania e respeito aos direitos e aos deveres. A atitude dos alunos dessa universidade em São Bernardo do Campo mostra uma cultura sexista, discriminatória, preconceituosa, de intolerância. Usar um vestido curto é uma questão de gostar ou não gostar, não é motivo para agredir, difamar, injuriar.
O Brasil todo tem se movimentado. O Ministério de Educação deu dois dias para a universidade dar explicações; a União Nacional dos Estudantes e o Movimento de Mulheres realizaram ontem protesto em frente à Universidade Bandeirantes, a Uniban; a Câmara e o Senado também se manifestaram contrários. O Senador Suplicy enviou protestos, solicitando que a universidade mudasse de posição. A Polícia de São Paulo investiga os agressores e a Delegacia de Atendimento à Mulher de São Bernardo do Campo instalou inquérito policial contra os mais de 100 alunos envolvidos. A Ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, condenou a atitude como absoluta intolerância e discriminação.
Parte-se do princípio de que a mulher provoca e de quando tal acontece pode-se tudo. Isso já foi justificativa até para se inocentar acusado de estupro em nossa sociedade: “Ele estuprou porque a mulher o provocou, porque a mulher estava andando com saia curta, com short curto na rua.” Estamos vivendo em uma sociedade democrática, em que cada um tem seus direitos. Devemos todos respeitar esses direitos e tolerar as individualidades, ainda mais dentro de uma universidade.
Trago aqui este assunto porque, especialmente depois da decisão de expulsar a jovem, a vítima passou a ser ré. Enquanto não se fala nada, a universidade afirma que vai punir também os estudantes, mas não diz como, não diz quantos são nem quem são. Segundo depoimento da jovem Geisy na sindicância, perguntas eram feitas inclusive sobre suas relações pessoais, como se isso justificasse as agressões que sofreu.
Li, esses dias, que no exterior uma jovem estava pronta para se casar, estava na porta do salão onde haveria a festa. Só que ela ia fazer um casamento fora dos conformes – ela era punk e seu noivo também. Um grupo de jovens foi até a porta do local onde haveria a festa e agrediu a moça, agrediu o jovem. Então, uma atitude que parece não retratar intolerância – Sr. Presidente Gilberto Palmares, V.Exa. tem trazido a esta Casa várias vezes este assunto da intolerância – na verdade retrata. Devemos, sim, repudiar, pois mesmo não sendo em nosso Estado está em nosso País. E mesmo não sendo em nosso País, aqueles que acreditam numa sociedade humana e justa, onde homens e mulheres se respeitem, devem repudiar e exigir respeito sempre.
Era isso que eu queria trazer aqui, nesta tribuna. Obrigada pela atenção.
O SR. PRESIDENTE (Gilberto Palmares) – Obrigado, Deputada Inês Pandeló. A Presidência se solidariza com a preocupação de V.Exa., dessa atitude absurda e discriminatória ocorrida na Uniban, em São Bernardo do Campo, cidade que há 30 anos dava um exemplo de luta ao País, com as greves do ABC, que ajudaram muito na redemocratização do País. Felizmente, a sociedade reagiu de modo contrário a esta discriminação na Uniban em vários recantos do País.
Queremos saudar a presença nas galerias, me parece, pelo que estou vendo na faixa, de trabalhadores e trabalhadoras do Degase. Estão aqui, de forma legítima e democrática, lutando por suas reivindicações. Então, uma saudação à presença dos trabalhadores e trabalhadoras do Degase. (Palmas)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
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