segunda-feira, 1 de novembro de 2010

500 anos esta noite

De onde vem essa mulher

que bate à nossa porta 500 anos depois?

Reconheço esse rosto estampado

em pano e bandeiras e lhes digo:

vem da madrugada que acendemos

no coração da noite.



De onde vem essa mulher

que bate às portas do país dos patriarcas

em nome dos que estavam famintos

e agora têm pão e trabalho?

Reconheço esse rosto e lhes digo:

vem dos rios subterrâneos da esperança,

que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.



De onde vem essa mulher

que apedrejam, mas não se detém,

protegida pelas mãos aflitas dos pobres

que invadiram os espaços de mando?

Reconheço esse rosto e lhes digo:

vem do lado esquerdo do peito.



Por minha boca de clamores e silêncios

ecoe a voz da geração insubmissa

para contar sob sol da praça

aos que nasceram e aos que nascerão

de onde vem essa mulher.

Que rosto tem, que sonhos traz?



Não me falte agora a palavra que retive

ou que iludiu a fúria dos carrascos

durante o tempo sombrio

que nos coube combater.

Filha do espanto e da indignação,

filha da liberdade e da coragem,

recortado o rosto e o riso como centelha:

metal e flor, madeira e memória.



No continente de esporas de prata

e rebenque,

o sonho dissolve a treva espessa,

recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,

afasta a força que sufoca e silencia

séculos de alcova, estupro e tirania

e lança luz sobre o rosto dessa mulher

que bate às portas do nosso coração.



As mãos do metalúrgico,

as mãos da multidão inumerável

moldaram na doçura do barro

e no metal oculto dos sonhos

a vontade e a têmpera

para disputar o país.



Dilma se aparta da luz

que esculpiu seu rosto

ante os olhos da multidão

para disputar o país,

para governar o país.


Brasília, 31 de outubro de 2010.

Pedro Tierra

DILMA: A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO BRASIL!

Brasil avança e dá lição de democracia nas urnas


Hoje o Brasil adormece diferente. Depois de quatro meses árduos de campanha eleitoral, uma mulher é eleita presidente da República: Dilma Rouseff. Neste período, temas polêmicos, boatos e mentiras espalhados virtualmente ameaçaram as propostas desta mulher, que representa a continuidade das mudanças sociais propostas por um operário: Lula, o Luiz Inácio da Silva, nascido em Caetés. Que teve como sonho primordial melhorar a vida miserável de sua família e, depois de disputar cinco eleições presidenciais, teve a oportunidade de melhorar a vida de uma grande família, a nação brasileira. Em oito anos, 26 milhões de brasileiros (as) saíram da fome e, hoje podem vislumbrar um mundo melhor e até formar um filho doutor nas Universidades Federais, através do Prouni.

Neste momento, penso na história do meu Brasil, que viveu durante 20 anos o massacre e a opressão da ditadura militar. Muitos não se calaram e pagaram com a própria vida o preço de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos pudessem ser tratados como gente. Infelizmente, muitos deles (as) não estão aqui para presenciar estas transformações.
Transformações que talvez, muitos não se atentem para a sua importância. ...eleger Dilma, mulher, mãe, avó, gente com G maiúsculo é a consolidação da democracia. E pode ser também o exemplo para tantas outras mulheres chefes de família, donas de casa, operárias, trabalhadoras. É o início de um novo tempo, onde igualdade entre homens e mulheres vislumbra como uma cortina de esperança, de amor e de muita fé.

Hoje o meu Brasil adormece de alma lavada por ter cumprido o compromisso de cidadania. Amanhã, com certeza será um dia muito diferente......



Jane Portella é jornalista e coordenadora de Comunicação da Deputada Estadual Inês Pandeló





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