É de manhã, o frio chegou e o vento que sopra pela minha janela faz um barulhinho antigo. Lá fora, no entanto, o sol já brilha e eu me preparo para sair. É dia treze de junho e o bairro de Saudade em Barra Mansa recebe a visita do Bispo e ganha um ar de feriado: o dia de Santo Antonio, o padroeiro da Matriz.
Lá vou eu, mais uma vez repetindo o mesmo caminho de tanto tempo para assistir a missa das dez.
Volto no tempo. Lembro de trinta e cinco anos atráz quando chego a cidade com tanta tristeza de deixar velhos amigos, depois, da chegada à Igreja e me sentindo em casa com a catequese e as pastorais. A festa naquela época era grande e de muito trabalho, todos da comunidade se revezavam nas barracas até tarde da noite, buscando recursos para manter a comunidade. Os namoros também eram constantes e neste dia o chão da igreja ficava todo branco de papelzinhos, que as moças deixavam para as suas promessas a espera do príncipe que haveria de vir.
Recordo com carinho de tantos e tantas, padres, irmãs e amigos que compartilharam comigo aquela época e relembro ainda mais as primeiras reflexões sobre a verdadeira tarefa de um cristão, ou cristã e daí a conscência da participação política, o começo de tudo...
Dia de Santo Antonio, missa das dez, procissão e festa à noite, dia de recordar e encontrar amigos e amigas ausentes ou não, mas sempre presentes na memória.